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terça-feira, 3 de maio de 2011

Contentamento


Quando nos apaixonamos, olhamos para o outro com candura, admiração, paciência.
Quando passa algum tempo, nos vemos diante do espelho e nos vemos tão felizes, não pode ser verdade!
Passamos então a olhar com medo e , com ele, vem a exposição de defeitos, a intolerância, o real golpe de pessimismo.
Passam alguns dias tudo desmorona e vemos toda a alegria que desperdiçamos; eis que surge a esperança outra vez associada ao medo de termos jogado fora nossa felicidade. Recuperamos então, brevemente, nossa candura, paciência, admiração, todos os sentimentos puros anteriores, sendo que impregnados de medo do fracasso. Por fim vemos que fracassamos no primeiro momento em que não nos permitimos rir de nós mesmos, sorrir pra nós mesmos.
Somos eternas crianças em busca da esperança que continua guardada num quartinho dos nossos pensamentos. Crescemos pra vida e isso faz com que acreditemos que o correto é não acreditar em mais nada.

Contentamento, palavrinha danada essa!

Pra que, eu pergunto. Pra que, se contentar em ser normalmente severo consigo mesmo, se pode ser apaixonado por tudo em que acredita?


Trate a si mesmo com todo o amor que gostaria de dar a alguém. Tenha tanto zelo e carinho por si mesmo, que não precisará olhar pro lado pra ver que todos aos seu redor irão ser inspirados a se amarem também.


Quando nos amamos com verdade, sem super-proteção ou auto-piedade, emanamos amor ao próximo. Não há nada melhor do que doar de si o que não lhe fará falta.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Exposição




Algumas pessoas cismam em esconder os pequenos traços que mais os definem.
Quando alguém desenha uma foto precisa dos mais “insignificantes” traços para formar algo perfeito. Quando alguém define uma pessoa, usa de cada detalhe bom ou ruim pra individualizá-la. Então me digam, porque mentir sobre si mesmo, ou transformar suas características em algo mais comprável, se você já é único?
Aprimorar, crescer, isso é o caminho da vida e com esse caminho vem também os pequenos traços que ficam marcados no corpo e na alma. Quando olhamos pra alguém com os olhos da verdade, e não com os olhos de consumidor, vemos o que realmente há de especial.


Porque teimar em olhar para os lados procurando algo melhor que si mesmo, ou melhor do que quem o acompanha?
Enquanto você olha para o lado oposto, o seu melhor pode estar partindo, ou se partindo. E aí, vai correr pra buscar depois que a maré levou ou vai tentar colar o que sobrou? O que vai ficar da colagem, não serão também novas marcas? Porque, dessa vez, você vai apreciá-las?

Não foque no que lhe dizem, pois o foco deve estar naquilo que você observa.
Não minta pra si mesmo, já existem muitos pra fazê-lo.
Não extirpe suas marcas mais singelas, pois só o que restarão serão buracos e vazio.

Não há nada mais belo do que ver os pequenos vincos que se formam no final dos olhos de quem dá um grande sorriso. 

terça-feira, 5 de abril de 2011

Espero

Espero ainda decifrar-me
e não mais ter de falar aos ventos.
Espero eu afagar-me
e não mais aguardar por bons tempos.
Não sou um texto linear ou agradável de se ler,
tenho linhas e entre linhas à escrever.
Mas há de haver quem adimire minhas frases futeis, ou meus erros.
Há ainda, quem as use pra bons fins, meus apelos.
Vê-se bem que quando a vida é vaga, alguém estaciona nela.
Toma posse dos atos e das interações.
E se perderes tempo em explicá-la,
Há de outra vez não viver, esperar interpretações.
Há muitas desvantagens em se expor.
Seriam elas vantagens se não o fizesse?
Há desvantagens em se impor.
Talves melhor se aguardasse o que viesse?
Não se impõe uma verdade, se revela.
Não se pede piedade, toma-se dela.
Porque ser um passivo contundente.
Haveria eu de ser um pobre eloquente?
E por que questão, escrever com toda a razão
discernir a emoção, pra tudo sim e não?
Nada em doses extras de palavras tensas,
nada mais em medidas e controles.
A qualidade deve estar na vida,
o equilibrio se mostra nela.
 Fico e aguardo o clarão da falta de idéias,
O sublime fato de estar em qualquer lugar
esperando estar fora de minhas teias,
Sentir apenas a brisa, o ar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Não quero nada por obrigação!

Não quero nada por obrigação!
Ser obrigada a sentir ou a não ter sentido algum,
Obrigada a sorrir ou a esconder a falta de dentes,
A esconder medos ou a não entendê-los,
A seguir mesmo querendo não fazê-lo,

Não quero a ignorância!
Fingir não ver é melhor que ser de fato cego?

“Ignoro meus sentidos, assim, não me sinto culpado por ignorar os seus.
Fecho meus olhos por temer ter vontade de arrancá-los, não quero ver o que fiz ou o que foi feito de mim. Posso simplesmente culpar, sem responsabilidades ou riscos.”
Não, não, não quero covardia!

Se sei quem realmente posso ser, luto pra ser.
Se não sei, luto pra descobrir.
Se nem sequer sei o que tudo isso significa, então peço, oro, e por que não, imploro, pra que alguém saiba por mim.

Não quero uma vida sem verbo ou sem adjetivo, sem gênero ou generosidade.
Só o que peço é uma vida, simples, mas real e que seja escrita por mim, ainda que aperfeiçoada por todos.

O que me diz?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Obrigada.

 
Fiquei sem ar, sem chão, sem vida.
Vi morrerem diante de mim, os mais ternos sonhos em que já fui capaz de acreditar.
Não que me sinta flagelada, ou deturpada, mas senti-me como uma pequenina que vê a morte diante de si, 
e que não pode sequer ter a chance de morrer pra não sentir tão imenso vazio.
Vi as lagrimas rolarem, senti escorrer de mim toda a verdade em que acreditava.
Ao dizer adeus pela ultima vez, sequer pude saber se seus olhos brilhavam, sequer soube que  o libertava, mas foi livre de mim que me ensinou outra vez.
Não sei quantos anos levei pra acreditar novamente que estava viva, não sei quanto tempo ainda levarei, e se será possível resgatar o que há de intimo em mim, mas fui salva.
Fui salva da imaturiade e do medo, ainda que imatura e medrosa.
Descobri cedo a desventuras da vida, as quais sou tão capaz de provocar quanto fui capaz de sofrer, e que todas as escolhas são responsabilidade única.
Percebi que uma faca que fere o peito de alguém, sangra o meu.
Percebi que ninguém é inocente, e  que todos somos, pois cada um é capaz de enxergar apenas com seu próprios olhos, e ainda que se façam todas as correções visuais sobre a vida, sem referencias não discernimos imagem alguma.
Foi a morte e a vida.
Ainda que jamais saiba destas palavras, e que jamais sinta o quanto pode mudar a vida de alguém, espero que chegue a ti a mesma luz que iluminou meu caminho, e que acima de todo vazio e escuro esteja sempre o ressurgir.

Teresópolis



No deslizamento do barro, vermelho, sangue, confunde. Sal e água diluem o assombro.
O pavor à alegria se funde.
Partida repartida, assim como pão e o vinho. Cada um encontra seu salvador nos olhos da esperança.
Em meio ao desalinho, num passante ou mesmo num espelho, o assombro com o despir das vestes.
E eis que um velho pano de algodão se torna o manto sagrado da gratidão.
Olhar
Morte
Sentir
Sorte
A perda se equipara ao ganho do valor que esquecemos.... misericórdia.... amor.... história.