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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Seria...


Seria fácil escrever se ainda me conhecesse, se ainda me visse como sou.
Seria simples a compreensão das palavras, o espelho de cada detalhe d’alma.
Mas não, não faço mais interação comigo mesma, nego a memória, subentendo as palavras.
Metáforas falam o que quero esconder. 
A serenidade galga espaço entre trovoadas de emoções e prioridades controversas.
Como encontrar a verdade no meio disso? Isso sou eu?
Não encontro o gatilho que me levará de volta. Será que ele existe?
Ando em direção aos meus sentimentos e corro segundos depois. Não quero ferir ou não quero ser ferida?
O que dói mais, a dor que causo ou a que aceito?? Ambas são a mesma?
As respostas são as perguntas. E sendo assim porque não me convenço?
Tantos questionamentos, fazemos nós, pra que seja desviada a atenção da vida que passa, pra que não enxerguemos a responsabilidade negada sobre os sorrisos e as lágrimas guardados.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Só dói se me lembro...

Desacostumei a ver todos correndo com minha enxurrada de emoções.
Desacostumei a ver que machuco quem preferia que me ferisse a ter que causar dor.
Acostumei a sorrir e a sangrar ao mesmo tempo.
Não me mostre o caminho de volta outra vez.
Não vai estar me esperando quando eu chegar, e por mais que eu tema vou querer voltar...
Quero ser vista nua de toda a educação e formalidade, quero ser mãe e filha de verdade, mas que tudo quero ser a mulher menina que um dia fui e que não tinha medo de ser feliz.
Mas por favor, não me peça pra voltar!
Só dói se me lembro de como é ser feliz...



domingo, 11 de março de 2012

Me acompanhe

Vem! Pode andar com meu passo, que te abro o espaço pra sentir o meu chão.
Vem! Meu caminho sei que faço, mas no meu embaraço deixo-o ser condução.

Sim, palavra digo ainda, pra curar a ferida que eu alimentei.
Sim, minha pele é a vida e se quer repartida, que se cure também.

Faço o teu curativo, deito e durmo contigo, mas não sou cicatrização.
Se te queres tão vivo, deixa a dor pelo abrigo do meu coração.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Não iluda

Misericórdia ao coração guerreiro
Misericórdia a quem sabe amar
Não se afortune por não ver primeiro
Todo o valor de se entregar

Aos destroços do coração que pulsa
E ao alento do distanciar
Lamento a dor daquele que recusa
e a miséria do olho a secar

Pois o sol brilha após noite à penumbra
Mas não se enxerga ao se acortinar
Há de no futuro aquela imagem rubra
Tua memória voltar a marcar

Fica um acorde do sorriso ao vento
da solidão a que se semeou
E ao guerreiro coração sedento
Entrega a dor do tempo que passou

sexta-feira, 2 de março de 2012

Vejo

Me vejo com um nariz vermelho, doida pra fazer alguém sorrir,
Com rosto e corpo disfarçados pra serem vistos.
Vejo a corda por onde busco passar e cair,
Sabendo que amortecerão minha queda, sorrisos.

Com lágrimas furtivas, caio às gargalhadas,
Rio de mim mesma e da esperança semeada,
Crianças correm com mãos recheadas
De flores e a inocência a ser doada.

Emoção, emoção.
A de ver transbordar um coração
Que não conhece o sim e o não.

Embriagues de dádivas
Singeleza da escassez
No rostinho de um talvez.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Tela em branco

Quem nunca olhou pra uma folha em branco e quis apenas fazer uma bolinha e jogá-la no lixo?
Posso lutar comigo mesma pra desenvolver mil textos, eles podem sair bons, ruins, coerentes, mas só quando eu me entrego e "perco" essa batalha emocional, é que finalmente consigo tocar o coração de alguém.

É engraçado repassar nossa vida através dos textos, ver quando nos entregamos a uma dor que nem era nossa e quando tivemos força e clareza pra enxergar o que era real.
É doce nos vermos com a mesmo carinho que gostaríamos de ser vistos, o mesmo zelo que nos permite aprender com os detalhes que deixamos passar e que fizeram com que tudo voltasse ao ponto de partida.
Revendo minhas dores e minhas revoltas abracei a criança que pedia ajuda dentro de mim, e me permiti não temer o retorno dessa imaturidade.
Que venha, a insegurança, o medo, até a birra e que eu possa rir delas e com elas, sem a angustia de não ser perfeita, e com a certeza de que passarão.
Aceitando o que há em mim a briga pára, o silêncio reina e eu consigo escutar com muito mais clareza o que eu sou.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Navegue

O "navião" esse, o da vida! 
Quando pensamos que o mar está sereno, ele dá uma de submarino e nos leva pras profundezas. Faz acreditarmos que vamos nos afogar, e quando nos damos conta vemos que há ar. 
Com um pouco mais de calma podemos ver os peixes e a belíssima paisagem ao nosso redor. É aí, pra variar, que tomamos um novo solavanco e vamos direto pro céu, voar, crentes de sentirmos uma leve brisa, de apreciarmos as nuvens e o mundo abaixo de nós, apenas um segundo depois sentimos a pressão da altitude e as turbulências que é capaz de causar.
Voltamos então pra navegação, e após tantos desenganos, nos tornamos capazes de olhar a realidade como ela é, sem expectativas ou vislumbres, apenas com a beleza de ver vida em meio a uma tempestade e de saber que seu mundo dorme ao som de um coração tranquilo.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Reforma

As vezes criar alegria pode transformar todo o resto.

Abrir os olhos de um amor humilde, que se reparte e se funde em cada peça da caminhada, pode ser a resposta pra uma dor que urge, se alimentando de culpa e remorso por coexistir.
Abrir os olhos e ver o sorriso de alguém sacrificado, mas iluminado por fazer parte ou diferença é o real exemplo que devemos dar para ver algo fluir.

Dizem que Amor não vende, que o que vende é a angustia de amar, o pavor de perder, a dor de ter pedido, mas nunca o amor em si.
Dizem que, pra fazer graça, temos que usar de alguém ou de nós mesmos, com contextos e caricaturas.

Eu pergunto: 
Porque milhões de médicos abandonaram seu status, e resolveram ganhar o que muitos consideram uma miséria, pra trabalhar com um sorriso no rosto e ver a saúde começar no olhar do seu paciente? 
Porque outros tantos médicos ou não, se mobilizaram e abandonaram tudo pra dar alento e comida aos "miseráveis"?

O povo tem FOME! Fome de calor humano, de coragem pra sentir o medo, a dor ou o que for necessário pra se fazer a coisa certa e aí sim dar um sorriso honesto, vindo da alma.

Somos crianças com gana de vida, na vida que esgana nossos sonhos e a singeleza de, pura e simplesmente, amar.

Vamos acabar com a miséria, aquela estipulada por um contrato jamais assinado de viver conforme a forma.
Vamos vestir nossa mente de conhecimento e rir da miséria cultural, dando de comer pra cultura, sem medo de perder o posto de conhecedor.

"Espere retorno de uma bola de ping-pong, não de atos, mas retorne quantos gestos de amor puder. E enxergue no outro a real troca justa, que vale qualquer luta só pra fazer sorrir."